Balança hidrostática

Balança Hidrostática para determinação de volume de sólidos irregulares

Uma balança hidrostática é um mecanismo experimental destinado ao estudo da força de impulsão exercida por líquidos sobre os corpos neles imersos. Foi inventada em 1586 por Galileu Galilei.[1]

Seu funcionamento se baseia no princípio de Arquimedes (um corpo perde aparentemente um peso igual à quantidade de líquido ou gás deslocado)[1] e está especialmente concebida para a determinação de densidades de sólidos e líquidos. Este tipo de balança é constituída por: prumo, termómetro, copo, alça, parafuso de compensação, escala graduada, cursor superior deslizante, encaixe, cursor inferior deslizante, pontas, parafuso para acerto e suporte. Estas balanças necessitam de ser calibradas antes de se efetuar a medição de densidades.

O procedimento a ser seguido :

  1. Pesa-se o mineral seco
  2. Pesa-se o mineral imerso em água, o que é conseguido pendurando o mineral em um fio amarrado em um dispositivo ligado ao prato da balança. O recipiente com água onde será imerso o mineral deverá ficar sobre o prato da balança, sem tocá-lo, o que se consegue com uma plataforma ponte, apoiada sobre a mesa onde está a balança.

A densidade relativa será calculada dividindo-se o peso do mineral a seco pela diferença do peso a seco e do peso imerso em água, pois esta diferença nos dá, pelo Princípio de Arquimedes, o empuxo a que está sendo submetido o mineral, que é igual ao peso do volume de água deslocado pelo mineral, sendo que este volume é o volume do mineral.

A densidade relativa D {\displaystyle D} é dada por:

D = ( W ( W H ) {\displaystyle D=({\frac {W}{(W-H)}}} ) × ρ do fluido

onde W {\displaystyle W} é o peso a seco e H {\displaystyle H} o peso imerso na água.

Dedução

O objetivo será determinar a densidade de um objeto utilizando apenas uma balança comum e uma balança hidrostática. Não se dispõe de instrumentos para aferir de forma direta o volume do objeto. A balança hidrostática utiliza o Empuxo de Arquimedes, então é por ele que se inicia a dedução apresentada a seguir.

O empuxo de Arquimedes é definido como uma força vertical e para cima com módulo equivalente ao peso do líquido deslocado.

O peso de líquido deslocado é igual ao produto do volume de líquido deslocado pela massa específica do líquido e pela aceleração da gravidade.

E = ρ L . V L D . g {\displaystyle E=\rho _{L}.V_{LD}.g}

onde E {\displaystyle E} é o Empuxo, ρ L {\displaystyle \rho _{L}} é a massa específica do líquido, V L D {\displaystyle V_{LD}} é o volume de líquido deslocado e g {\displaystyle g} é a aceleração da gravidade.

Mas o empuxo de Arquimedes também pode ser definido como uma força vertical e para cima, resultante entre a diferença do Peso Real e o Peso Aparente.

E = P R e a l P A p a r e n t e {\displaystyle E=P_{Real}-P_{Aparente}}

O Peso real P R e a l {\displaystyle P_{Real}} nada mais é que o peso medido a seco e o Peso Aparente P A p a r e n t e {\displaystyle P_{Aparente}} nada mais é que o peso aferido com o o objeto imerso.

Assim, pode-se reescrever: ρ L . V L D . g = m r e a l . g m a p a r e n t e . g {\displaystyle \rho _{L}.V_{LD}.g=m_{real}.g-m_{aparente}.g}

Colocando a gravidade g {\displaystyle g} em evidência na parte esquerda:

ρ L . V L D . g = g . ( m r e a l m a p a r e n t e ) {\displaystyle \rho _{L}.V_{LD}.g=g.(m_{real}-m_{aparente})}

Simplificando a gravidade g {\displaystyle g} em ambos os lados da expressão:

ρ L . V L D = m r e a l m a p a r e n t e {\displaystyle \rho _{L}.V_{LD}=m_{real}-m_{aparente}}

Isolando o volume de líquido deslocado V L D {\displaystyle V_{LD}} :

V L D = m r e a l m a p a r e n t e ρ L {\displaystyle V_{LD}={\frac {m_{real}-m_{aparente}}{\rho _{L}}}}

Sabe-se que o Volume de líquido deslocado V L D {\displaystyle V_{LD}} é equivalente ao Volume V {\displaystyle V} do objeto que foi imerso (lembrando do enunciado da lei física que dois corpos não ocupam o mesmo local do espaço ao mesmo tempo). Também se verifica que a massa real m r e a l {\displaystyle m_{real}} é simplesmente a massa seca m s e c a {\displaystyle m_{seca}} do objeto e a massa aparente m a p a r e n t e {\displaystyle m_{aparente}} é simplesmente a massa imersa m i {\displaystyle m_{i}} .

Assim a expressão anterior é reescrita como:

V = m s e c a m i ρ L {\displaystyle V={\frac {m_{seca}-m_{i}}{\rho _{L}}}}

Observa-se na expressão acima, que foi possível determinar o volume do objeto de maneira indireta. Esse método se torna útil quando o objeto em questão possui um formato irregular ou complexo que torne difícil ou até mesmo impossível a obtenção do volume pelos meios tradicionais analíticos e numéricos. Lembrando que massa seca m s e c a {\displaystyle m_{seca}} é obtida diretamente da balança e a massa imersa m i {\displaystyle m_{i}} é obtida da balança hidrostática.

É importante observar que a leitura da balança hidrostática não fornece o Empuxo. A balança hidrostática fornece o valor da massa de líquido deslocado, que é equivalente a massa imersa m i {\displaystyle m_{i}} .

Da definição de densidade, temos:

d = m v {\displaystyle d={\frac {m}{v}}}

Agora substituindo na definição de densidade a expressão definida para o Volume V {\displaystyle V} do objeto:

d = m s e c a ( m s e c a m i ) ρ L {\displaystyle d={\frac {m_{seca}}{\frac {(m_{seca}-m_{i})}{\rho _{L}}}}}

Simplificando a divisão de frações:

d = m s e c a ( m s e c a m i ) . ρ L {\displaystyle d={\frac {m_{seca}}{(m_{seca}-m_{i})}}.\rho _{L}}

Se o fluído em questão for a água, de massa específica igual a 1g/cm³, a densidade do objeto se resume a:

d = m s e c a ( m s e c a m i ) {\displaystyle d={\frac {m_{seca}}{(m_{seca}-m_{i})}}} , nesse caso, obviamente, a densidade d será obtida na unidade g / c m 3 {\displaystyle g/cm^{3}} .

Referências

  1. a b «Biografia de Galileu Galilei». ecalculo.if.usp.br. Consultado em 22 de agosto de 2024