Bugula neritina
Bugula neritina | |
---|---|
Classificação científica | |
Reino: | Animalia |
Filo: | Bryozoa |
Classe: | Gymnolaemata |
Ordem: | Cheilostomatida |
Família: | Bugulidae |
Gênero: | Bugula |
Espécie: | B. neritina |
Nome binomial | |
Bugula neritina | |
Sinônimos[2] | |
Sertularia neritina Linnaeus, 1758 (basônimo) |
Bugula neritina (Linnaeus, 1758), conhecida também como briozoário marrom, é um complexo de espécie crípticas de animais marinhos coloniais pertencente ao filo Bryozoa. B. neritina tem uma distribuição praticamente cosmopolita, sendo encontrada em águas temperadas e tropicais ao redor do mundo, fazendo-se uma espécie invasora em inúmeros locais.[3][4] É frequentemente encontrada em substratos duros, como rochas, conchas, pilares e cascos de navios, onde podem formar tapetes densos, contribuindo para a bioincrustação.[5] B. neritina é de interesse do ponto de vista biomédico, pois abriga um simbionte bacteriano que produz um grupo de compostos bioativos com potenciais aplicações no tratamento de inúmeras doenças.[6][7][8]
Classificação e características gerais
A espécie Bugula neritina está inserida no clado Lophophorata devido à presença de um lofóforo, estrutura alimentar que é a sinapomorfia característica do grupo. Filo Bryozoa, classe Gymnolaemata e ordem Cheilostomatida, pois a parede externa é calcificada. Pertencem à família Bugulidae e ao gênero Bugula.[2]
B. neritina forma colônias incrustantes de coloração marrom-arroxeada,[5] alimenta-se de partículas em suspensão por ser um animal séssil. Além disso, seus zoóides (indivíduos que compõem a colônia) são brancos, com canto externo pontiagudo e se diferencia das demais espécies do gênero por não apresentar os zoóides: aviculária e espinhos.[9]
Em seu ciclo de vida, um zoóide é originado por reprodução sexuada e desenvolve a colônia por brotamento, a fixação é feita o ano todo, com exceção do período do meio do inverno, pela larva lecitotrófica. É válido ressaltar que B. neritina é hermafrodita.[5]
Distribuição e hábitos de vida
A espécie Bugula neritina, um dos primeiros briozoários a ser descoberto e considerado como espécie-tipo do gênero Bugula, [10] são animais coloniais e marinhos, com ampla distribuição geográfica. Na verdade, são considerados um complexo de três espécies crípticas, morfologicamente iguais, mas com algumas diferenças genéticas, sendo o haplótipo S1 o mais distribuído. [4]
São praticamente cosmopolitas e, em muitas regiões, invasoras, uma vez que podem ser encontradas em quase todo o globo, com exceção dos polos norte e polo sul, subártico e subantártico, [3] estando comumente presentes nas regiões costeiras do Pacífico Norte. e Atlântico Norte; na Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos e Havaí, Mar Mediterrâneo e até no Brasil. [11] Esses animais têm preferência por águas rasas e mornas, entre 10-30ºC, [12] sendo encontrados em áreas portuárias e em cascos de navios, [3] o que facilitou sua dispersão e introdução em novas regiões. [11] B. neritina forma colônias bioincrustantes de aproximadamente 10 centímetros de altura, [3] preferindo substratos orgânicos e rígidos. [5] As colônias tendem a viver mais de um ano, e seus zoóides são hermafroditas, com dispersão dos gametas em diferentes épocas da vida, evitando a autofecundação. [11]
O aspecto invasor desta espécie decorre, além da dispersão das colônias em cascos de navios, pelo fato de possuírem alta tolerância a ambientes tóxicos, inclusive poluição por cobre, [13] [5] o que confere uma vantagem competitiva para a B. neritina em ambientes poluídos.
Briostatinas
Bugula neritina é interessante do ponto de vista da descoberta de medicamentos porque seu simbionte bacteriano, Candidatus Endobugula sertula, [6] produz as briostatinas, um grupo de cerca de vinte produtos naturais bioativos. As briostatinas estão sob investigação por seu potencial terapêutico direcionado à imunoterapia do câncer, [14] [7] tratamento da doença de Alzheimer [7] [15] e erradicação do HIV/AIDS, [8] devido à sua baixa toxicidade e atividade antineoplásica. [16]
Apesar disso, há um desafio na utilização das briostatinas em tratamentos médicos, visto que ela é encontrada apenas em pequenas quantidades no organismo, inviabilizando a replicação do processo. [17] Além disso, a relação simbiótica de B. neritina e a bactéria Candidatus Endobugula sertula ainda não foi suficientemente pesquisada, trazendo dificuldades para a biossintética no estudo sobre o cultivo desta bactéria. [17]
Referências
- ↑ "Bugula neritina (brown bryozoan)". CABI (organisation). 3 May 2013. Retrieved 14 March 2015.
- ↑ a b Gordon, D. (2015).
- ↑ a b c d Mawatari, S. F. (1992). «Atlas of marine-fouling Bryozoa of New-Zealand ports and harbours». Miscellaneous Publication New Zealand Oceanographic Institute (em inglês)
- ↑ a b Mackie, Joshua A.; Keough, Michael J.; Christidis, Les (1 de maio de 2006). «Invasion patterns inferred from cytochrome oxidase I sequences in three bryozoans, Bugula neritina, Watersipora subtorquata, and Watersipora arcuata». Marine Biology (em inglês). 149 (2): 285–295. ISSN 1432-1793. doi:10.1007/s00227-005-0196-x
- ↑ a b c d e Mackie, Josh (7 de janeiro de 2022). «Bugula neritina (brown bryozoan)». CABI Compendium (em inglês). CABI Compendium. ISSN 2958-3969. doi:10.1079/cabicompendium.109209
- ↑ a b Li, Hai; Mishra, Mrinal; Ding, Shaoxiong; Miyamoto, Michael M. (23 de agosto de 2018). «Diversity and Dynamics of "Candidatus Endobugula" and Other Symbiotic Bacteria in Chinese Populations of the Bryozoan, Bugula neritina». Microbial Ecology. 77 (1): 243–256. ISSN 0095-3628. PMID 30141128. doi:10.1007/s00248-018-1233-x
- ↑ a b c Ruan BF, Zhu HL (2012). «The chemistry and biology of the bryostatins: potential PKC inhibitors in clinical development». Curr Med Chem. 19 (16): 2652–64. PMID 22506770. doi:10.2174/092986712800493020
- ↑ a b Wender, P. A.; Kee, J.-M.; Warrington, J. M. (2 de maio de 2008). «Practical Synthesis of Prostratin, DPP, and Their Analogs, Adjuvant Leads Against Latent HIV». Science. 320 (5876): 649–652. Bibcode:2008Sci...320..649W. ISSN 0036-8075. PMC 2704988. PMID 18451298. doi:10.1126/science.1154690
- ↑ «Os Animais de Nossas Praias». osanimaisdenossaspraias.ufba.br. Consultado em 8 de julho de 2023
- ↑ http://www.mcz.harvard.edu/Publications/pubs/Bulletin_2008_1593_2449.pdf
- ↑ a b c «Bugula neritina | The Exotics Guide». www.exoticsguide.org. Consultado em 9 de julho de 2023
- ↑ «Bugula neritina (Linnaeus, 1758) - Ocean Biodiversity Information System». obis.org. Consultado em 9 de julho de 2023
- ↑ Piola, Richard F.; Johnston, Emma L. (13 de abril de 2006). «Differential resistance to extended copper exposure in four introduced bryozoans». Marine Ecology Progress Series (em inglês). 311: 103–114. ISSN 0171-8630. doi:10.3354/meps311103
- ↑ Singh R, Sharma M, Joshi P, Rawat DS (2008). «Clinical status of anti-cancer agents derived from marine sources». Anticancer Agents Med Chem. 8 (6): 603–617. PMID 18690825. doi:10.2174/187152008785133074
- ↑ «Bryostatin – Phase II clinical testing of a non-toxic PKC activator». Blanchette Rockefeller Neurosciences Institute (West Virginia University)
- ↑ Figuerola, Blanca; Avila, Conxita (4 de junho de 2019). «The Understudied Phylum Bryozoa as a Promising Source of Anticancer Drugs». doi:10.20944/preprints201906.0029.v1
- ↑ a b Trindade-Silva, Amaro E; Lim-Fong, Grace E; Sharp, Koty H; Haygood, Margo G (1 de dezembro de 2010). «Bryostatins: biological context and biotechnological prospects». Current Opinion in Biotechnology. Chemical biotechnology – Pharmaceutical biotechnology (em inglês). 21 (6): 834–842. ISSN 0958-1669. doi:10.1016/j.copbio.2010.09.018
- Lineu, C. (1758). Systema Naturae per regna tria naturae, classes secundum, ordines, generas, espécies, cum characteribus, differentiis, Synonymis, locis. Editio decima, reformata. Laurentius Salvius: Holmiae. ii, 824 páginas