Cratera de Nadir

A cratera de Nadir é uma feição submarina no Planalto da Guiné, no Oceano Atlântico, 400 km da costa da Guiné e a 300 metros abaixo do mar e alega-se que representa uma cratera de impacto.[1] A feição foi nomeada devido ao Monte Submarino de Nadir, 100km ao sul com um diâmetro de 8,5km.[2][3]

A estrutura fica a uma profundidade relativamente rasa de 300 a 400m abaixo do assoalho oceânico e é acessível por perfuração de amostragem.[4] A descoberta foi anunciada em 2022 pelo periódico Science Advances. A cratera foi descoberta pelo geólogo Uisdean Nicholson da Universidade Heriot-Watt, da Escócia, enquanto analisava dados de pesquisas sísmicas da região. Os resultados iniciais foram publicados no International Ocean Discovery Program, ainda em 2021.[4]

Evento de impacto

Modelo conceitual da sequência de impacto em Nadir, baseado em observações sísmicas e modelos analógicos

A cratera apresenta as principais características de um evento de impacto: proporção apropriada entre largura e profundidade, altura das bordas e altura do levantamento central. Ela foi formada no limite Cretáceo-Paleogeno ou próximo dele, cerca de 66 milhões de anos atrás, por volta da mesma idade da cratera de Chicxulub.[2] Simulações numéricas da formação de crateras sugeriram um impacto no mar na profundidade de cerca de 800m de um asteroide de aproximadamente 400m de diâmetro.[2][5]

O impacto teria produzido uma bola de fogo com um raio de maior que 5km, vaporização instantânea de água e sedimentos perto do fundo do mar, ondas de tsunami de até 1 quilômetro ao redor da cratera e quantidades substanciais de gases de efeito estufa liberados de depósitos rasos de xisto preto soterrados.[2][6] A energia liberada no impacto é estimada em torno de 5 mil megatons e o terremoto subsequente teria uma magnitude de 6,5 a 7 pontos na escala Richter.[2] Em agosto de 2022, entretanto, nenhuma perfuração ou testes de minerais do fundo da cratera foram realizados para confirmar a natureza do impacto do evento.[6]

Os autores propuseram que ele seja parte de um impacto de Chicxulub de curto prazo ou formado pelo rompimento de um asteroide originário comum aos dois corpos celestes, embora a estimativa de idade tenha uma margem de erro de cerca de 1 milhão de anos.[2][6]

Referências

  1. «Cientistas descobrem cratera semelhante à formada por colisão de asteroide que dizimou dinossauros». BBC. Consultado em 18 de agosto de 2022 
  2. a b c d e f Uisdean Nicholson, Veronica J. Bray, Sean P. S. Gulick, Benedict Aduomahor (17 de agosto de 2022). «The Nadir Crater offshore West Africa: A candidate Cretaceous-Paleogene impact structure». Science Advances. doi:10.1126/sciadv.abn3096. Consultado em 18 de agosto de 2022  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
  3. «Cientistas descobrem cratera semelhante à formada por colisão de asteroide que dizimou dinossauros». G1. Consultado em 18 de agosto de 2022 
  4. a b Uisdean Nicholson, Sean Gulick, Veronica Bray, Tom Dunkley-Jones, Christian Maerz, Thomas Wagner, Pim Kaskes, Elisabetta Erba, Cherif Diallo, Thomas Davison, Chris Lowery, Cornelia Rasmussen, Daniel Condon. «Into the Nadir: a new Cretaceous-Paleogene impact structure?». International Ocean Discovery Program. Consultado em 18 de agosto de 2022  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
  5. Uisdean Nicholson, Sean Gulick, Veronica Bray, ed. (18 de agosto de 2022). «Mystery 'Nadir' crater was potentially caused by a relative of the dinosaur-killing asteroid Chicxulub». ABC. Consultado em 18 de agosto de 2022  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de editores (link)
  6. a b c Katie Hunt, ed. (18 de agosto de 2022). «Scientists discover a 5-mile wide undersea crater created as the dinosaurs disappeared». CNN. Consultado em 18 de agosto de 2022 
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