Eliezer Moreira

Eliezer Moreira

Foto de Rosa Rabelo
Nascimento 2 de março de 1956
Cocos, (BA), Brasil
Nacionalidade brasileiro
Ocupação Roteirista, escritor, jornalista

Eliezer Moreira (Cocos, 2 de março de 1956) é jornalista, roteirista e escritor.

Biografia

Nasceu em Cocos, Bahia, mas cresceu em Januária, Minas Gerais, cuja ambiência reconstitui, embora sob o nome ficcional de Candeias, no romance de estreia A Pasmaceira (Um Homem Querendo Vender Sua Morte na edição portuguesa). “Nasci no interior da Bahia, numa cidade que não cheguei a conhecer, pois saí de lá antes de um ano de idade, e nunca voltei. Quer dizer, fui levado de lá, e não tive oportunidade de voltar: a família toda debandou para Minas. Culturalmente falando, Minas é o meu estado natal, onde vivi até os 23 anos, saindo para Belo Horizonte, Brasília, e depois Rio.”[1] “Assim, cresci naquela vasta região de Minas situada entre as fronteiras de Bahia e Goiás onde no passado – e ainda hoje, sob outras formas – se davam as velhas guerras por domínio territorial e político, envolvendo os coronéis e seus jagunços, a mesma região mítica que Guimarães Rosa imortalizou no seu ‘Grande sertão: veredas’.” [2]

Em 1979 passou a morar no Rio de Janeiro, onde se formou em Comunicação Social, com bacharelado em Jornalismo, pela Faculdade de Comunicação Hélio Alonso e obteve o mestrado em Literatura Brasileira e doutorado em Literatura Comparada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Atuou como roteirista e repórter na TV Educativa de 1987 a 2007) e TV Brasil de 2007 a 2012, colaborando na criação e produção e escrevendo programas documentais sobre temas de cultura e arte em geral, embora no início de seu trabalho tenha atuado como desenhista e programador visual.[3] Nesse período foi também repórter da revista Veredas do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).

Como escritor desenvolveu uma obra consistente, original e premiada (ver "Prêmios" abaixo), por vezes surpreendente. Segundo o crítico literário André Seffrin, “podemos aproximar Eliezer Moreira de outros enxadristas de sonhos e tormentos humanos, que são por exemplo Autran Dourado e Silvio Fiorani, narradores de amplos recursos [...].[4]

Obras principais

Seu livro de estreia, A Pasmaceira, romance "urbano-interiorano", cria toda uma ambiência de cidade do interior, transportando o leitor para lá, com domínio dos cortes narrativos, saltos temporais e o tempo retardado, a câmera lenta da literatura, tudo muito bem urdido.

Na novela Florência diante de Deus, a iminência da morte da matriarca de uma família, anunciada por um anjo, desencadeia uma tempestade de reações no seio da própria família, reunida sob o pretexto de comemorar seu 91o aniversário, bem como na sua pequena cidade mineira de Januária, que já havia servido de cenário (embora veladamente) para o romance de estreia A Pasmaceira.

Seu romance Olhos bruxos é uma referência aos olhos do escritor Machado de Assis, tomando como símbolo o pincenê que se tornou um ícone associado à sua figura. “‘Bruxos’ remete ao epíteto pelo qual Machado se tornou conhecido: ‘Bruxo do Cosme Velho’, o bairro carioca onde o escritor viveu seus últimos anos."[5] “[...] a originalidade e a genialidade de Eliezer Moreira ultrapassam as palavras ‘imitação’ e ‘simulacro’, fazendo de sua obra algo diverso e criativo que se utilizando da intertextualidade provoca um processo de antropofagia literária [...].” [6]

Seu romance Crônica da Passagem do Inglês aborda um fato pouco conhecido da história da cidade mineira de Januária, onde transcorreu a infância do autor: a passagem por lá do fascinante escritor, explorador e orientalista inglês Richard Francis Burton em 1867, deixando "um rastro de mistério". O autor desenvolve "uma trama de imprevisíveis consequências em que a imaginação e história se misturam".[7] "[O] romance assume também características de memorialismo, pois o autor viveu em Januária e, como confessa, procurou fazer um retrato fiel daquela comunidade e dos personagens que seriam inspirados em pessoas que moravam lá [...].[8]

Livros publicados

Moreira, Eliezer (1990). A Pasmaceira (romance). Rio de Janeiro: Record 

Moreira, Eliezer (2015). Florência diante de Deus (novela). São Paulo: Patuá 

Moreira, Eliezer (2015). Jeanne Bonnot: uma vida entre guerras (ensaio biográfico). Santa Catarina: Mulheres 

Moreira, Eliezer (2016). Um Homem Querendo Vender Sua Morte (versão portuguesa de A Pasmaceira). Santarém: Rosmaninho 

Moreira, Eliezer (2018). Ensaio para o Adeus (romance). São Paulo: Patuá 

Moreira, Eliezer (2019). Olhos Bruxos (romance). Guaratinguetá: Penalux 

Moreira, Eliezer (2024). Crônica da Passagem do Inglês (romance). Recife: Cepe .

Participação em coletâneas:

Editora Rosmaninho: Rio, da Glória à Piedade (2023), participação com dois textos de memórias pessoais e urbanas.

Prêmios

A Pasmaceira: Prêmio Graciliano Ramos da União Brasileira de Escritores (UBE) em 1990.[9]

Olhos Bruxos: Finalista do Prêmio Jabuti 2020.[10]

Referências

  1. Depoimento para o autor do verbete.
  2. Matheus Luzi. «A curiosa trajetória do escritor Eliezer Moreira». Consultado em 22 de agosto de 2020 
  3. Em depoimento para o autor deste verbete, revela que seu alter ego Heleno Silva reflete esse seu sonho de adolescente de se tornar pintor.
  4. André Seffrin, "Um Romance de Contornos Quase Épicos", Valor Econômico, 5/7/2024, p.15.
  5. «Fernando Andrade entrevista o escritor Eliezer Moreira». Consultado em 22 de agosto de 2020 
  6. Alexandra Vieira de Almeida. «Resenha de "Olhos Bruxos", de Eliezer Moreira». Consultado em 22 de agosto de 2020 
  7. André Seffrin, "Um Romance de Contornos Quase Épicos", Valor Econômico, 5/7/2024, p.15.
  8. Adelto Gonçalves. «Uma viagem ao tempo do Império de Eliezer Moreira». Consultado em 25 de julho de 2024 
  9. «AUTORES: Eliezer Moreira». Editora Panelux. Consultado em 23 de agosto de 2020 
  10. «Jabuti: 5 Finalistas». Consultado em 8 de dezembro de 2020 

Ligações externas

  • Resenha de "Olhos Bruxos", de Eliezer Moreira, por Alexandra Vieira de Almeida
  • Relato do escritor Eliezer Moreira sobre o seu romance Ensaio para um adeus, editor Patuá
  • Uma viagem ao tempo do Império de Eliezer Moreira, por Adelto Gonçalves
  • Crônica da Passagem do Inglês (resenha)