Pachycymbiola brasiliana

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Vista superior de uma concha do molusco Volutidae P. brasiliana; espécime sem perióstraco.
Vista superior de uma concha do molusco Volutidae P. brasiliana; espécime sem perióstraco.
Vista inferior de uma concha do molusco Volutidae P. brasiliana; espécime sem perióstraco.
Vista inferior de uma concha do molusco Volutidae P. brasiliana; espécime sem perióstraco.
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Mollusca
Classe: Gastropoda
Subclasse: Caenogastropoda
Ordem: Neogastropoda
Superfamília: Volutoidea
Família: Volutidae
Subfamília: Cymbiinae
Tribo: Adelomelonini
Género: Pachycymbiola
Ihering, 1907[1]
Espécie: P. brasiliana
Nome binomial
Pachycymbiola brasiliana
(Lamarck, 1811)[1]
Ilustração com a vista superior (esquerda) e inferior (direita) de uma concha, sem o perióstraco, de P. brasiliana, por Johann Hieronymus Chemnitz, retirada de Neues Systematishes Conchylien-Cabinet (1795).[2]
Sinónimos
Voluta brasiliana Lightfoot, 1786 (nomen nudum)
Voluta brasiliana Lamarck, 1811
Adelomelon (Pachycymbiola) brasilianum (Lamarck, 1811)
Adelomelon brasilianum (Lamarck, 1811)
Voluta colocynthis Dillwyn, 1817[1][2]
Adelomelon brasiliana (Lamarck, 1811) (sic)[3][4]

Pachycymbiola brasiliana (nomeada, em inglês, brazilian volute[3] e, em português, caracol negro;[5] embora seja um caramujo;[6][7] durante o século XX, e até o início do século XXI, cientificamente denominada Adelomelon brasiliana,[3][4] ou Adelomelon brasilianum)[1] é uma espécie de molusco gastrópode marinho pertencente à família Volutidae. Foi classificada por Jean-Baptiste Lamarck, com a denominação de Voluta brasiliana, em 1811; no texto "Suite de la détermination des espèces de Mollusques testacés. Volute (Voluta)"; publicado nos Annales du Muséum d'Histoire Naturelle. 17.[1] Sua distribuição geográfica abrange o sudoeste do oceano Atlântico, entre o Rio de Janeiro, no sudeste do Brasil, até a província de Río Negro, na Argentina. Esta espécie de caramujo atinge até os 20 centímetros de comprimento. Pode ser usada na alimentação.[4] No Uruguai ela tem sido explorada comercialmente pela pesca, em pequena escala, desde o início da década de 1990.[8] Também pode ser encontrada nos sambaquis da costa brasileira.[9]

Descrição da concha e hábitos

Concha globosa, com espiral baixa, de até 6 voltas, e protoconcha arredondada. Sua superfície apresenta coloração creme a branco-acinzentada, dotada de linhas de crescimento visíveis e tubérculos, ou protuberâncias, fortes e destacadas; chegando até sua volta final, que apresenta abertura ampla, ocupando 4/5 de toda a concha (quase a totalidade do seu comprimento), quando vista por baixo, possuindo um lábio externo levemente espessado e columela com duas fortes pregas oblíquas. O interior da abertura e região da columela apresenta coloração de laranja-rosada a levemente amarronzada em algumas áreas, com canal sifonal curto e largo. Esta espécie carece de opérculo e tem concha revestida por um perióstraco negro-acastanhado e aderente. Pode ser encontrada com anêmonas e cracas (organismos epibiontes) em sua superfície.[4][8][10][11]

É encontrada em costas arenoso-lodosas em até 77 metros de profundidade, se alimentando de bivalves.[4]

Reprodução e oviposição

Segundo estudo realizado em Mar del Plata, Argentina, com espécimes coletados numa profundidade de 15 metros, a época reprodutiva de Pachycymbiola brasiliana se estende de setembro a abril (primavera e verão austrais), mostrando sincronização com a temperatura da água marinha. O tamanho mínimo das conchas, para a maturidade sexual das gônadas de machos e fêmeas, é de pouco mais de 10 centímetros de comprimento, sendo uma espécie com uma lenta taxa de crescimento e muito sensível à poluição. Suas cápsulas de ovos, translúcidas e amareladas, soltas, gigantescas e esféricas (conhecidas como cápsulas ovígeras), são arremessadas nas praias, possuindo de 5 a 6 centímetros de diâmetro e contendo de 5 a 33 embriões (RIOS, 1994 Op. cit., cita de 9 a 20), em seu interior. Possuindo concentrações de proteínas e carboidratos, elas possibilitam um desenvolvimento e metamorfose completos, em torno de 90 dias. Este é o único volutídeo sul-americano que possui cápsulas ovígeras liberadas diretamente na água, capazes de se deslocar por até 700 quilômetros de distância.[4][5][8]

  • Uma cápsula de ovos de P. brasiliana em uma praia da província de Buenos Aires, Argentina.
    Uma cápsula de ovos de P. brasiliana em uma praia da província de Buenos Aires, Argentina.

Ligações externas

  • Cápsulas ovígeras de Pachycymbiola brasiliana (ex Adelomelon brasiliana) em Albúfera de Mar Chiquita (EcoRegistros).
  • Cápsula ovígera de Pachycymbiola brasiliana (ex Adelomelon brasiliana) em San Clemente del Tuyú (EcoRegistros).
  • Cápsula ovígera de Pachycymbiola brasiliana (ex Adelomelon brasiliana) em Mar de Ajó (EcoRegistros).
  • Concha de Pachycymbiola brasiliana (ex Adelomelon brasiliana) sem o perióstraco (BioLib.cz).

Referências

  1. a b c d e «Pachycymbiola brasiliana (Lamarck, 1811)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 5 de janeiro de 2022 
  2. a b Wiggers, F.; Veitenheimer-Mendes, I. L. (novembro de 2008). «Taxonomic review of the genus Adelomelon (Gastropoda; Volutidae), based on type material» (em inglês). Brazilian Journal of Biology. vol.68 no.4. (SciELO). 1 páginas. Consultado em 30 de outubro de 2018  A referência emprega parâmetros obsoletos |coautores= (ajuda)
  3. a b c d ABBOTT, R. Tucker; DANCE, S. Peter (1982). Compendium of Seashells. A color Guide to More than 4.200 of the World's Marine Shells (em inglês). New York: E. P. Dutton. p. 218. 412 páginas. ISBN 0-525-93269-0  A referência emprega parâmetros obsoletos |coautor= (ajuda)
  4. a b c d e f RIOS, Eliézer (1994). Seashells of Brazil (em inglês) 2ª ed. Rio Grande, RS. Brazil: FURG. p. 137. 492 páginas. ISBN 85-85042-36-2 
  5. a b Rodrigues, Marcelo (16 de outubro de 2017). «O que são essas bolas transparentes que achamos na praia?». Bicho Vivo – Os ecossistemas e sua fauna. 1 páginas. Consultado em 2 de novembro de 2018 
  6. SANTOS, Eurico (1982). Zoologia Brasílica, vol. 7. Moluscos do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia. p. 97. 144 páginas 
  7. SANTOS (p. 97.: Op. cit.) cita que caramujo "designa todos os gasterópodes aquáticos, quer pulmonados, quer providos de brânquias, sejam da água doce ou salgada"; caracol "qualifica com mais justeza os pulmonados terrestres com concha fina e de pequenas dimensões".
  8. a b c Cledón, Maximiliano (setembro de 2004). «Reproductive biology and ecology of Adelomelon brasiliana (Mollusca: Gastropoda) off Buenos Aires, Argentina» (PDF) (em inglês). Alfred-Wegener-Institut. 1 páginas. Consultado em 2 de novembro de 2018 
  9. SOUZA, Rosa Cristina Corrêa Luz de; LIMA, Tania Andrade; SILVA, Edson Pereira da (2011). Conchas Marinhas de Sambaquis do Brasil 1ª ed. Rio de Janeiro, Brasil: Technical Books. p. 211. 252 páginas. ISBN 978-85-61368-20-3  A referência emprega parâmetros obsoletos |coautor= (ajuda)
  10. «Pachycymbiola brasiliana». Conquiliologistas do Brasil: CdB. 1 páginas. Consultado em 2 de novembro de 2018 
  11. OLIVER, A. P. H.; NICHOLLS, James (1975). The Country Life Guide to Shells of the World (em inglês). England: The Hamlyn Publishing Group. p. 248. 320 páginas. ISBN 0-600-34397-9  A referência emprega parâmetros obsoletos |coautor= (ajuda)
Identificadores taxonómicos
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